Núcleo de Arqueologia
Desde o período inicial, a arqueologia foi contemplada em espaços expositivos e com estudos publicados, conforme catálogos e relatórios. Buscava-se reunir materialidades relativas a memórias de variados povos em diferentes tempos, que contemplassem não somente o sul do Brasil, mas também tivessem relevância internacional. Assim, existem várias coleções com grande diversidade de tipologias, que entrelaçam grupos sociais, paisagens e períodos formando redes articuladas de informações, culturais e ambientais, que discutem um passado de longa duração.
No Núcleo de Arqueologia, reestruturado em 1936 por José Loureiro Fernandes, sempre foram desenvolvidas as análises, gestão e conservação de coleções, bem como as pesquisas de campo e laboratório, com a identificação e a caracterização de sítios arqueológicos, locais com evidências de ocupação por grupos humanos. Muitos pesquisadores destacaram-se, como Oldemar Blasi, entre 1960 e 1980, construindo bases sólidas de discussões arqueológicas com o acervo do Museu Paranaense. A partir de 1984, uma nova geração de arqueólogos repensou os horizontes teóricos e metodológicos, agora com estudos de maior abrangência, discutindo a diversidade dos povos que vem ocupando diferentes territorialidades, especialmente o Paraná, ao longo de quinze mil anos.
Já foram desenvolvidos até o momento projetos, vários interinstitucionais, com arqueologias regionais, do passado e do presente, discutindo as mudanças climáticas, as transformações das paisagens, a arte rupestre, os sambaquis, o manejo da flora e fauna, as diásporas, as ancestralidades, a violência, os conflitos e os espaços urbanos. Também se realizam análises forenses, além da etnografia arqueológica e de arqueologias colaborativas com populações indígenas e comunidades tradicionais.
No Museu estão catalogadas 3.750 coleções arqueológicas, principalmente líticos e cerâmicos, além de, em menor número, vestígios ósseos e paleontológicos associados. As memórias e as trajetórias destas coleções estão relacionadas à história da arqueologia no Brasil, e as mais recentes continuam promovendo articulações e diálogos com instituições nacionais e internacionais de pesquisas arqueológicas.
As coleções do acervo representam vestígios materiais e biológicos de um período que recua até cerca de quinze mil anos atrás, com recorte especial no Paraná, com materiais relacionados a grupos caçadores-coletores, como os Paleoíndios, os Umbu e os sambaquieiros no litoral, avançando ao longo do tempo com indícios de povos ceramistas e agricultores, como Jê Arqueológico Meridional, Tupi e Guarani. Ainda, através de materialidades ocidentais, orientais e africanas, com enfoque maior a partir do século XVI até evidências recuperadas em ruínas de construções do início do século XX, em áreas urbanas e rurais.
Pesquisas no Departamento de Arqueologia do Museu Paranaense vêm buscando atualizar reflexões e debates sobre arqueologias do passado e do presente, articulando abordagens decoloniais. Realizam-se análises sobre as materialidades e territorialidades que perpassam várias temporalidades de um passado que integra múltiplas narrativas, incluindo documentação escrita e/ou tradição oral, relativa a diferentes povos. Enfocam-se, especialmente, às populações indígenas e comunidades tradicionais, relacionando aspectos simbólicos e as principais interações com o ambiente, as paisagens e as mudanças climáticas. Também estão sendo analisados aspectos relacionados a coleções, patrimônio e instituições públicas e privadas (como museus, arquivos, associações culturais ou étnicas), bem como as relações com as comunidades locais e regionais, além de estudos forenses. Também serão apontadas inovações tecnológicas e estratégias de pesquisa e comunicação de arqueologias que dialoguem com os desafios e as linguagens contemporâneas.